segunda-feira, 3 de maio de 2021

03 de Maio

 

miltonjung.com.br


Há 7 anos, 03 de maio se tornava um dia que eu, pra sempre, lembraria. Dia 03 de maio de 2014, um sábado de outono foi o dia que eu dei o último beijo naquela testa. Vó Santa (sim, minha avó materna se chamava Santa) havia descansado e nós também. Foi uma vida longeva, com seus altos e baixos, perregues, risadas e causos e quantos causos, fica pra outra hora. Nesse dia 03 de maio também descobri que é aniversário de uma pessoa importante na vida do meu bebê. Tato e Bibi, amo vocês. Parabéns Bibi, muitos anos de vida.

Hoje, dia 03 de maio de 2021 minha vó Gilica, Angélica o nome dela, mãe do meu pai, receberá sua última homenagem com a sua matéria entre nós. Que ela, também, descanse em paz. Minhas avós, de sangue, sempre tiveram algumas proximidades apesar de toda à distância e apesar de toda a diferença, pelo o que eu me lembro e me contam, se davam bem. Mulheres, de um jeito ou de outro sempre tentam, ou não, se ajudar. Acredito ou quero acreditar, que nesse caso, sim, elas se ajudavam/ram.

As relações que eu tinha com elas eram completamente diferentes, apesar da similaridade, sim eu sei, afinal vó santa morava comigo e desde que eu me lembro, foi assim. Já a vó gilica, morávamos em estados diferentes e a distância física acabou aumentando a distância afetiva mas ainda assim, minhas avós. Que estejam bem onde estiverem.

Sendo assim, nesse momento reflexivo, acho que consigo colocar em prática o que Pedro (meu psicólogo) sempre diz, escreva. Coloque pra fora e o que a imagem que eu achei, reflete muito bem. O barulho interno.

PQP! O meu e sim, egoísta nível blaster, o meu é muito alto (não posso falar dos/pelos outros) e eu nunca tinha reparado nele, sempre estive em lugares barulhentos, consciente ou não, mas sempre gostei do barulho, lugares silenciosos sempre me foram angustiantes. Talvez pelo fato so silêncio fazer com que o meu barulho se destacasse. E eu, sempre, tentando abafá-lo. Só que agora, eu não consigo mais e acho que nem quero mas lidar com ele, C-NHOR, tá tenso.

A pandemia chegou, montou morada e pelo andar da carrugem, não vai embora tão cedo e com isso tivemos que nos adaptar. Por causa dela, o desemprego chegou pra grande maioria, eu inclusive, mas apesar de desempregada eu não deixei de trabalhar, o que de certa forma é muito bom. Sendo assim, mais tempo em silêncio, comigo, eu tenho estado e com isso, esse barulho está ensurdecedor, no peito a angústia e a vontade de chorar não passam, os olhos vivem inchados, a vontade de virar um casulo é absurda e apesar disso, ainda escuto do Pedro: "Pra quem não quer fazer nada, você faz muita coisa."

Pior de tudo, que tenho que concordar. Comecei outra faculdade, sim agora estou, pelo o menos tentando, cursar dois cursos superiores ao mesmo tempo, EAD? Ead, mas ainda assim dois cursos superiores que de certa forma se complementam. Continuo trabalhando em hotel, sendo filha, namorada, amiga, mesmo assumindo que nenhum desses papéis tenho feito da melhor forma que posso mas tentando. E é basicamente isso, tentativas. A vida é feita delas.

Mas ai, você que chegou até aqui, deve estar pensado: "Tá Nathalia, mas o que tudo isso que você falou até aqui tem a ver com peso, balança e afins???"

Pior que engolir a comida, é engolir a comida por engolir o sentimento, o lugar de fala, o seu lugar. É tentar a perfeição, se exaurindo para chegar a tal mesmo sabendo que ela não existe. É estar disponível pra todo mundo menos pra si. Isso me faz pesada. Isso me faz sentir dor, física e emocional. Isso me fez entender que a leveza que eu busco não é estimada no peso de uma balança. Sim, quero e preciso emagrecer, por toda carga de saúde que o sobre peso afeta mas o peso que eu quero eliminar não é mensurado por quilos e gramas, apesar dele refletir na balança.

Lidar com as emoções não é fácil, entendê-las é pior ainda mas, necessário. Entender de onde vem a raiva, o grito, o medo, entender que assim como os aplicativos drenam a bateria do celular, as nossas emoções, as ruins principalmente, drenam a nossa energia. A minha já exauriu e assim, tô aqui, tentando aprender a lidar pra pelo o menos zerar a parada e começar a recarregar de forma positiva.

Magra, de fato, eu nunca serei, até porque quando eu fui, não me reconheci mas quero ser saudável e definitivamente, mais leve.

Vamo que vamo.