segunda-feira, 28 de julho de 2025

A calça do Dobok

 



Preciso vir aqui mais vezes, é bom escrever! É bom colocar pra fora. Vamos lá!

Pra quem não sabe, eu sou praticante de tae kwon do, já fui bem boa nisso inclusive, mas hoje faço mais pela atividade física e sanidade. E não, nós não usamos kimono, usamos dobok. Até já tive um idêntico a esse ai da foto!

Há um tempo tirei aquela cordinha que amarra pra calça não cair e fiquei meses sem lembrar disso, até dar uma geral no meu armário e achar a calça, a cordinha e pensar: "Hummm vou colocar essa corda, dá pra usar essa calça ainda".

Tentei na cara, coragem e nózinho, kkkkkkkkkkkkkkkkkkk, óbvio que não consegui, procurei um grampo de cabelo, daqueles básicos com as pontinhas com bolinhas. Pensei, vai me ajudar a passar mais fácil guiando.

De fato me ajudou, facilitou bem mas o trabalho foi meu. Precisei recomeçar algumas vezes e assim o fiz, tirava tudo e começava de novo. Em alguns pedaços da calça ficava difícil, as vezes até duro mas eu ajeitava daqui, mudava dali e o grampo com a cordinha ia passando, algumas vezes agarrava, raspava e dava aquela aflição nos dentes, eu mudava o ângulo, o jeito e continuava. E assim fui até chegar na emenda da calça!

Aquela emenda foi um desafio, porque além do tecido da calça ser mais firme, ali juntava as metades da calça, logo, era o dobro de tecido, muito mais firme e mais difícil. Tentei de todas as formas, subia e descia o grampo, mudava o ângulo, forçava e não deu, não passou na emenda. Lógico que aquilo me irritou e pela primeira vez, consegui me questionar o por que da minha irritação. Não ia ser uma cordinha e uma calça que iam me tirar do sério. Consegui me acalmar, fui tomar uma água e assumo que muito a contra gosto, voltei com a tesoura. E sim, eu cortei a calça.

Cortei um pedacinho ali perto da emenda abrindo espaço pra poder ver a situação e conseguir terminar de passar a cordinha, e quando forcei o grampo pra passar percebi que não passava não pela emenda mas pelo fato de que do início da calça ali naquele buraquinho até aquela emenda, por dentro do "túnel da corda" o grampo perdeu as bolinhas que protegiam as pontas e arranhava e raspava tudo o que tinha pela frente, inclusive um pedacinho de tecido que foi embolando com o restante e realmente não iria passar ali. Foi quando eu percebi como foi bom ter cortado, por que eu pude ver o que estava acontecendo e a partir dali eu conseguiria achar uma solução.

Precisei recortar algumas pontas, liberar espaços e finalmente consegui passar a cordinha na emenda, até a próxima emenda. E o que aconteceu? Agarrou de novo. Já sabendo que um pequeno corte seria necessário, o fiz, apenas por saber que seria mais fácil e rápido conseguir terminar de passar a cordinha na calça. Cortei sem pensar duas vezes e tão logo o fiz, a mesma situação da primeira emenda, muita coisa junta, embolada, dificultando a passagem do grampo que direcionava a corda. Foi muito mais fácil liberar espaço ali, eu já sabia o que me esperava e já sabia como lidar e talvez até de forma mais prática e ágil e assim o fiz passando a cordinha.

Até que finalmente eu consegui terminar de passar a corda no cós da calça. Estava ali, satisfeita com o resultado até que abri a calça e vi os dois pequenos cortes ali na parte interna do cós. Assumo, aqueles dois pedacinhos de pano faltantes me incomodou. Me incomodou porque a minha calça já não era a mesma que um dia eu comprei lá atrás. Ela tinha dois buracos, feitos, propositalmente, por mim. Foram segundos longos, que o incômodo queria se instalar e eu não deixei. Já fui atrás de linha e agulha pra poder costurar os buracos.

Costurei os buraquinhos, um de cada vez, fechando toda extensão, mínima, deles. Mais uma vez abri a calça na minha frente, mantendo segura com as mãos e reparei os buraquinhos costurados e a calça apesar das costuras, está lá (no armário de roupa suja pra lavar). Vou poder continuar treinando com ela, mesmo costurada, ela continua fazendo aquilo o que ela tem que fazer. 

Eu espero de verdade, conseguir costurar todos os buraquinhos que foram feitos, pra facilitar a resolução das coisas e continuar a usar as calças mesmo depois de pequenos reparos. E se realmente não for possível usar as calças, com os pequenos reparos, que os treinos permaneçam e que eu continue a cuidar das minhas calças e blusas, além de saber que todo treino foi bom. E as vezes cortar é preciso, às vezes elas rasgam sozinhas. Mas não perdem seu valor pelo remendo que colocamos ali.

Que nunca falte tempo, paciência, cuidado, linha e agulha!

X O X O